Roda de capoeira ocupa a Praça da Matriz em Lauro de Freitas e celebra resistência do povo negro
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A Praça da Matriz, no Centro de Lauro de Freitas, foi palco de mais um evento do Novembro Negro. Na noite desta quinta-feira (25), um recital de poesias que contam a história de resistência do povo negro antecedeu uma roda de capoeira, chamou a atenção de quem passava pelo local. A atividade reuniu mais de dez grupos, que compõem o Coletivo GT Capoeira de Lauro de Freitas, criado para pensar políticas públicas voltadas a essa expressão cultural afro-brasileira.
Além dos passos de capoeira e o som do berimbau, a palavra “resistência” ecoou por todos os espaços da Praça que conta parte da história de Lauro de Freitas. “A gente carrega a capoeira não só como um esporte ou uma cultura, mas também como símbolo de resistência, principalmente neste momento que a gente vem passando por uma série de dificuldades em nosso país. A capoeira vem acalentando nossas dores”, declarou Vítor Valmor, professor de capoeira há dez anos.
Com o tema “Territórios de Identidades: resistência ancestral”, o Novembro Negro em Lauro de Freitas conta com uma série de atividades, iniciadas no dia 12 e voltadas à reafirmação da identidade do povo negro e o combate ao racismo, conforme ressaltado por Aline Santos, superintendente de Promoção de Políticas de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Políticas Afirmativas, Direitos Humanos e Promoção de Igualdade Racial (SEPADHIR).
“A capoeira é arte, ginga e educação. Para nós povo preto é resistência, é memória e história. Um legado deixado por nossos ancestrais que está sendo reafirmado aqui. O Novembro Negro, que traz uma série de ações, termina refletindo toda a luta do povo negro durante o ano. Aqui é, portanto, um momento de culminância de apresentar essa riqueza cultural da capoeira em uma praça importante de nossa cidade. É muito representativo, pois torna possível trazer essa reflexão para toda a comunidade”.
A importância da capoeira e das ações realizadas durante o Novembro Negro, também foram destacadas pelo secretário da SEPADHIR, Clóvis Silva. “Este foi mais um evento do Novembro Negro para recuperar nossa arte e história. Em nosso município nós temos atualmente cerca de três mil capoeiristas, que se sentem representados e encontram apoio da gestão municipal. Fico muito feliz quando vejo em uma praça dessa tantos capoeiristas, produzindo arte e resgatando a história de nosso povo, fazendo com que o Novembro Negro aconteça cada vez mais forte”.
Tem mulher na capoeira
A luta contra o preconceito é parte da vida de Maria de Fátima Evangelista Bonfim, primeira mestra de capoeira de Lauro de Freitas. Exemplo de superação, ela personifica a resistência, palavra de ordem do Novembro Negro. “Foi difícil ganhar meu espaço, tive muitas dificuldades porque homem não aceita cair de mulher, mas eu rastava mesmo. Eu ia grávida para a capoeira, tive meus filhos, continuei dando aula e até hoje levo a capoeira para onde eu for, porque ela me dá força e resistência contra o preconceito”.