Ipitanga na conquista da Independência do Brasil

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Ipitanga na conquista da Independência do Brasil

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A Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga ou simplesmente Ipitanga, como a localidade outrora era denominada pelos indígenas tupinambás, deu uma significativa contribuição para a conquista da Independência do Brasil. 

O Engenho Japara, situado em Ipitanga, foi o primeiro local onde a tropa baiana, composta de militares e civis, foi recepcionada e alimentada pelo proprietário desse engenho quando eles fugiram do Forte de São Pedro, em Salvador, após iniciados os conflitos contra militares portugueses em fevereiro de 1822 após a nomeação do brigadeiro, Luís Inácio Madeira de Mello, para governador das Armas. 

Uma das personalidades que atuou na Guerra da Independência e vivia em Ipitanga era o farmacêutico senhor de terras e engenhos de cana-de-açúcar, João Ladislau de Figueiredo e Mello. Ele era proprietário do Engenho Cagi, onde residia com a família. No período do conflito seu engenho funcionou como um hospital de campanha e ponto de descanso das tropas brasileiras, principalmente da Brigada da Esquerda, que estava estabelecida em Itapuã. O Engenho Cagi serviu também como um local de reunião das tropas com o general francês Pedro Labatut. 

No término da guerra João Ladislau de Figueiredo e Mello foi agraciado pelo imperador Dom Pedro I com o título de Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis e Major Agregado do 3º Batalhão de 2ª Linha.

 João Ladislau de Figueiredo e Mello nasceu em 27 de junho de 1772 na Cidade de Cachoeira quando ainda era Vila. Filho de Leandro de Figueiredo e dona Ana Maria Barbosa de Mello, recebeu a educação básica pelos religiosos do Mosteiro de São Bento e se formou em farmácia, no ano de 1789, em Lisboa. Gerou quatro filhas naturais (Ana, Rosa, Virginia e Joana) e três de suas filhas (Joana, Rosa e Ana) se tornaram, em 1811, as primeiras farmacêuticas do Brasil. João Ladislau de Figueiredo e Mello morreu em 11 de fevereiro de 1856, aos 83 anos, em seu Engenho denominado de Campina Grande, que, posteriormente, deu origem a localidade de Campinas de Brotas, e foi sepultado no Mosteiro de São Bento, na Cidade do Salvador. 

O protagonismo na Guerra da Independência foi da população em geral e não podemos esquecer que essa massa de gente simples era majoritariamente composta de negros e mestiços, com a peculiaridade de que, no Recôncavo Norte da Bahia, havia muitos indígenas e caboclos oriundos da Vila de Abrantes e dos antigos aldeamentos da região. 
Durante a passagem do Fogo Simbólico, que representa a união entre os povos e a chama da Pátria, cada cidade apresenta um tema alusivo à sua participação. O município de Lauro de Freitas traz como tema “Ipitanga na conquista da Independência do Brasil”, o de Mata de São João “O Batalhão da Torre, Casa da diversidade e da inclusão”, o de Dias D’Ávila “Identidade da nossa gente”, e o de Camaçari “O caboclo é nosso, é de Camaçari!” 

A reparação histórica, conquistada em 2023, inseriu estes quatro municípios do Recôncavo Norte na rota do Fogo Simbólico do Dois de Julho. Essa reparação foi reconhecida pela Fundação Gregório de Mattos e oficialmente celebrada pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Essa correção histórica só foi possível graças à publicação do livro A presença do Recôncavo Norte da Bahia na consolidação da Independência do Brasil, obra que comprova a participação de Ipitanga e todo o Recôncavo da Bahia na conquista da Independência do Brasil. 

Diego de Jesus Copque – diegokopke@gmail.com é professor, historiador, pesquisador da história da Bahia, sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e autor dos livros Do Joanes ao Jacuípe: uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais e A presença do Recôncavo Norte da Bahia na consolidação da Independência do Brasil.